Sunday, October 05, 2008

Quando deixar o que se pode fazer hoje para fazer amanhã pode lhe poupar muitos problemas

Haverá um tempo que certamente comprar ou vender um veículo – automóvel – usado, será uma coisa impensável. Porém no final do século XX isto foi bastante comum. Em um país pobre, como o Brasil, isto era muito usual.

Foi neste cenário que anunciei no Jornal de Classificados o meu carro – um Gol – veículo da fabricante VW. Era um Gol verde claro, BX. Um carro com motor não arrefecido por água, mas sim por ar. Usava o mesmo sistema do grande sucesso em carros populares desta fabricante – o Fusca. Este sistema havia sido desenvolvido ainda nos tempos da segunda guerra para que veículos pudessem ser usados em regiões desérticas, como o norte da África, local de grande interesse e importantes campanhas Nazistas.

Embora este carro servisse aos meus propósitos estava querendo um carro mais novo. Comprar carro novo nem pensar. Teria de pegar o dinheiro da venda deste e usar como parte do pagamento de outro.

Havia comprado este carro de um colega de trabalho à época – o Ronald. Na verdade havíamos feito uma troca. Ele ficara com um Uno que eu tinha – e que valia mais do este Gol – era um carro muito mais novo – mas também muito mais problemático. O Ronald me passou o seu carro – o Gol, e ficou com o Uno, e as parcelas de consórcio que ainda restavam. Essa troca havia ocorrido a dois anos atrás.

Quando resolvi vender o Gol dei-me por conta que não havia trocado a documentação do veículo para o meu nome. Naquela época isto era muito comum, embora o correto fosse fazer a transferência no momento da compra. Não havia ainda o que ocorreu muitos anos mais tarde que foi o endurecimento das leis de trânsito, e o surgimento das pesadas e fartas multas que advieram, bem como a responsabilização em primeira instância do proprietário do veículo – o proprietário de direito.

Mas esta questão era trivial. Bastava conduzir o veículo e a documentação de transferência ao Departamento de Trânsito, procedendo uma vistoria e a efetiva transferência de propriedade. Fiz este processo em uma manhã. Procurava evitar intermediários sempre que possível. E este período era o verdadeiro reinado dos “Despachantes”. Eram pequenos escritórios, que ficavam às dezenas nas quadras circundantes dos Departamentos de Trânsito. Dentro destes departamentos havia uma promiscuidade enojante entre os funcionários públicos e estes prestadores de serviço. Era também a época dos favores, das benesses e principalmente do maldito “jeitinho”. O cidadão poderia fazer tudo sozinho, mas obter uma informação era a coisa mais difícil que podia existir. Simplesmente lhe sonegavam isso para que tivesse de depender dos despachantes. Dentro dos ambientes de atendimento era uma situação deprimente. Os cidadãos em fila, aguardando seu atendimento, quando de repente adentrava um despachante cheio de papéis na mão, passava ao lado da fila e era recebido efusivamente por um funcionário burocrata que estava escondido atrás do balcão. Trocavam sorrisos, abraços, piadinhas que somente eles entendiam e lá se iam - o despachante, acompanhado de seu “amigo” para os interiores do departamento, resolver de forma privilegiada os problemas dos seus clientes.
Eu ficava indignado com isso. Reclamava na fila, mas não adiantava nada. Era um feudo.

Resolvido o problema de documentação e eu já de posse dos novos documentos de transferência nada mais era impedimento que eu o transacionasse.

---- Alô, pode falar.
---- Eu vi um anúncio de um automóvel Gol .....
---- É isso mesmo.
---- Posso ver o veículo?
---- Claro vamos marcar, anote aí o endereço: .....

Na data acertada fui até a garagem para mostrar o veículo ao comprador interessado. Ele gostou muito do carro. Era exatamente o que ele queria.

--- Como você vai pagar?
--- Vou lhe pagar em dinheiro. Ok?
--- ok.

Marcamos um encontro no dia seguinte para efetivarmos a transação.

No dia seguinte, recebi-o pela manha, no mesmo local – uma garagem onde eu alugava um Box. Lá ficavam mais de uma centena de carros.

--- Olha Vinicius, estou aqui com o dinheiro. Está na minha cueca.

Era uma valor que em notas da época tinha o volume aproximado de um montinho de 5 por 10 cm. Ele tinha muito medo de ser assaltado ou coisa parecida, por isso guardou o dinheiro neste inusitado – e asqueroso - lugar.

--- Mas antes de fazermos o negócio eu queria fazer algo que não fiz ontem. Eu gostaria de checar a documentação. Você entende né?

--- Claro. Aqui estão os documentos. Estendi a mão e lhe passei os documentos do carro.

Ele se aproximou do carro, pediu que eu abrisse a tampa frontal para examinar o número do Chassi. Vi que ele fazia movimentos de olhos e cabeça do papel para o chapa metálica presa ao veículo. Aqueles olhos iam e vinham, naquele movimento de leitura de conferência. Uma vez, duas vezes, três vezes, retornava ao processo do início e assim ia.

--- O que foi? Tem algum problema? – Perguntei.

Ele lentamente se voltou para mim e disse:

--- Vinícius, estes números são diferentes.

--- Como assim? Deixa eu ver.

Incrédulo, peguei o papel de suas mãos e comecei a conferência. Não eram os mesmos números. Na verdade parte do código era idêntica – a parte inicial e a parte final eram as mesmas, mas no centro haviam letras que eram diferentes.

Inclinei-me para trás, pensativo, recostando as costas no carro.

--- Mas não pode ser, tirei estes documentos semana passada.

Peguei os documentos anteriores, os que estavam ainda em nome do meu amigo, e lá estavam os mesmos números do documento novo. Então concluí que o problema vinha de muito antes.

Neste momento estávamos os dois – eu e comprador – um tanto confusos. Não sabia naquele momento o que fazer, nem o que dizer, até que o comprador me chamou a um canto e disse:

--- Vinícius, se este carro tem problemas, não se preocupe, apenas me avise e desfazemos o negócio, eu não vou falar nada.

Aquilo soou como uma bomba na minha cabeça. Ele estava supondo que eu era um bandido e que estava tentando passá-lo para trás. Fiquei atônito, mais do quando vi que os números de fato não eram iguais.

--- De forma nenhuma. Vou até o Departamento de Trânsito ver o que ocorreu. Deve ter havido algum engano.

--- Bem, meu cunhado é Delegado de Polícia, se você quiser podemos ir falar com ele para ver o que acha. – Disse-me o comprador.

Neste momento tive uma sensação muito estranha. Era como se eu estivesse perdendo o controle da situação. Meu carro estava irregular – ok, mas daí me apresentar na polícia e dizer isso? Poderia ficar com o carro apreendido até que se resolvesse isso. Poderia levar meses. Eu não poderia ficar sem o carro, seria um transtorno e tanto. A situação começava a se tornar caótica.

--- Ok, vamos até lá – Respondi.

O meu dia já tinha virado de cabeça para baixo. Dirigimo-nos ao Palácio da Polícia – onde ficava também o departamento de trânsito.

Subimos uma escada e entramos em uma sala. Havia um balcão e o comprador se apresentou e pediu que chamassem o delegado Fulano. O delegado veio. Cumprimentou seu cunhado e ouviu a explicação dele com os meus documentos nas suas mãos. Disse-lhe o delegado o seguinte, não olhando em nenhum momento para mim, que estava ali ao lado no balcão.

--- Olha Fulano, isso aqui é rolo. Sai fora porque é trapaça.
Eu fervi e gelei. Primeiro achei uma falta de respeito sem parâmetros. O sujeito, na minha frente falando ao outro que eu era desonesto. Sem me conhecer, sem saber nada ao meu respeito, sem ao menos considerar que estava ali justamente pelo contrário disso. No segundo momento – que se afastava do primeiro por alguns centésimos de segundo – pensei que poderia até mesmo ser preso naquela momento. Diante de uma “otoridade” com aquele pensamento idiota e aquela falta de consideração – tudo podia acontecer.

O comprador – agora já quase meu amigo – intercedeu a meu favor.

--- Olha Fulano, eu conheço este rapaz há pouco, mas já pude perceber que se trata de alguém sério e se há um problema aqui ele deve ser vítima também.

Aquelas palavras causaram efeito no delegado. Não na sua educação – até porque para isto ele teria de nascer de novo – mas ao menos na forma que ele encarava à mim e a situação.

--- Bem, para concertar isso vai dar uma tremenda mão de obra – Disse isso e começou a explicar o processo todo. Minha mente não ouviu a explicação e nem os passos que ele relatava. Era um rosário de procedimentos, fichas, solicitações.

Meu amigo, quer dizer, o comprador, agradeceu a seu cunhado e saímos daquela sala. Descemos a escada conversando e já nos despedindo um do outro. O Negócio estava totalmente sepultado.

--- Olha, fulano – Lhe disse – eu te levo de volta até a garagem.

Ao descer as escadas passamos pela sala de recepção, onde ficava o atendimento do departamento de trânsito. Estava cheia de gente. Cidadãos e os despachantes. Passamos, saímos do prédio e já estávamos a uns 10 passos do carro quando parei, me virei em direção do comprador e lhe disse:

--- Fulano: Tivemos uma situação muito interessante aqui. Você gostou demais do carro. Eu preciso vende-lo. Perdemos uma manhã inteira. Você está com esta cueca cheia de dinheiro. Vamos fazer o seguinte. Se em 20 minutos eu conseguir acertar esta documentação, lhe trouxer ela aqui, na rua, certinha, como deve ser, você mantém a nossa negociação?

--- Vinicius, você não pensa em falsificar este documento, não?

--- Claro que não. O que eu estou lhe pedindo é que me dê apenas mais 20 minutos. Se eu não resolver isso nosso negócio está acabado e vou tratar de resolver esta questão dure o tempo que durar.

--- Mas o meu cunhado falou que....

--- Eu sei disso, mas o que eu estou te pedindo são estes 20 minutos....

--- Bem, se você me trouxer a documentação certinha, não vejo problemas, mas tem de ser rápido mesmo porque já é quase meio-dia e eu tenho de ir até Canoas ainda...

--- Ok.

Dei meia volta e retornei à sala principal do Departamento de Trânsito. Peguei o documento novo e olhei-o com calma. Vi um nome carimbado e uma assinatura de um funcionário no documento. Era uma mulher. Cheguei ao balcão, como os despachantes costumavam fazer, e chamei um funcionário que estava sentado em uma mesa:

--- Quero falar com a dona fulana?

--- Ah, sim, ela fica lá – apontando para o interior do departamento.

Já era quase meio-dia. A maioria dos funcionários já haviam saído para o almoço. Assim foi fácil identifica-la. Ela estava sozinha, na sua mesa em uma enorme sala com umas 20 ou 25 mesas de trabalho.

Fiz um sinal breve com a mão como a dizer que queria ir até ela. O funcionário respondeu com outro aceno do tipo: “Vá!”

Ultrapassei o balcão por uma tramela que havia e fui direto falar com dona fulana.

--- Fulana? Já estava a frente da sua mesa – Semana passada fiz um documento aqui – seu nome consta nele – e acredito que ouve um erro de digitação, porque o número do chassi do meu carro é este – apontando para uma folha de papel raspada – e o número que foi colocado no documento é outro. Preciso que isto seja resolvido.

--- Deixa eu ver. – Ela disse. – É mesmo, e inclusive estou vendo que o carro é um Gol e estas letras no meio dizem que é um Fusca....

--- Pois é. Veja só que confusão.

--- Vamos fazer o seguinte: Senta aí – disse-me apontando em pequeno sofá que ficava ao lado de sua mesa – que eu fazer um outro para você.

Quase não acreditei no que estava ouvindo. Mais surpreso que eu só quem ficou foi o comprador que me aguardava do lado de fora quando lhe entreguei em mãos o documento certinho, vindo de dentro do Departamento de Trânsito – isto é – sem qualquer chance de ser inválido ou adulterado.

Negócio fechado.

Depois pensei. E se eu tivesse feito a documentação deste carro desde o momento que eu havia comprado? Como este erro de numeração vinha acompanhando o veículo já por algum tempo, muito provavelmente eu teria de fazer o procedimento que aquele delegado cretino orientou, teria de gastar um monte de dinheiro com despachantes, teria de ficar com o carro parado por algum tempo até que tudo se resolvesse. Que dor de cabeça. Evitada porque deixei para amanhã o que eu poderia ter feito hoje. Não tivesse o nome daquela mulher naquele documento e a distância de datas ser somente uma semana e certamente o processo teria de ser outro necessariamente.

O pior de tudo?

O pior de tudo foi receber e ter de conferir aquele dinheiro que havia passado horas naquela cueca fedorenta!

Um dia na História - 11/setembro/2001

Quantos dias na nossa vida se passam sem ao menos deixar um vestígio? Como se nunca tivessem ocorrido, ou mesmo que sua falta não seria notada.
Na verdade a maioria dos nossos dias são assim. É o que convencionamos chamar de cotidiano.
Pois no dia de hoje o mundo parou. Parou para ver e assistir algo extraordinário. Para assistir a uma tragédia monumental. O ataque terrorista ao World Trade Center, em Manhattan – New York, ao Pentagon.em Washington. A tragédia “ao vivo” da Big Apple. Inacreditável a audácia empreendida na ação deste grupo terrorista ainda não identificado. (São 16:32 – Hora de Brasília de 11.09.01). De quatro alvos conhecidos, três obtiveram êxito. (O quarto avião caiu).

Bem, mas não é esse o centro da reflexão que quero aqui realizar. Até mesmo porque os fatos vão ser esclarecidos e detalhes ainda totalmente ignorados serão trazidos a tona, o que fará com que eles fiquem plenamente registrados historicamente.

Quero falar de um dia diferente. Chamam a atenção porque são poucos, raros. São marcas indeléveis que levamos adiante. Destacam-se da multidão. Fazem nossa adrenalina jorrar na nossa corrente sangüínea, num misto de medo, estupefação e irrealismo neutralizante. Nosso consciente interrompe o torpor em ciclos, que podem ser de segundos, minutos ou horas, como se dissesse: -- Mas isso está mesmo acontecendo?? É o “beliscar” que nosso consciente dá ao ato automático, ao estado de torpor a que somos submetidos. Obtida a resposta de que é sim, que é um fato real, deixamos nos absorver novamente, até a próxima “chamada”.

É isso que nos deixa marcas. Sem dúvida é um fato relevante.

As vezes somos submetidos sozinhos a esses estados, por fatos que concernem e dizem respeito somente a nós. As vezes a grupos, as vezes a grandes grupos. E raras, raríssimas vezes, ao mundo todo. O de hoje é desse último tipo. Quase como uma alucinação coletiva, um estado de torpor de dimensões inimagináveis. É claro que essa amplitude e simultaneidade se deve ao patamar tecnológico da humanidade, que hoje assiste o desenrolar destas questões em cada aparelho de televisor, nas suas casas e trabalhos em todos os lugares do mundo. Câmeras diversas, ângulos favoráveis, tudo ali, ao alcance da retina, ao alcance do ouvido, expulsando a imaginação da nossa mente. Não há o que imaginar quando os fatos são tão surpreendentes.

Fatos históricos dessa magnitude são poucos. Não conheci nenhum superior a esse. Mas certamente houve. Não os vivi. Vivi outros, importantes, mas não surpreendentes dessa forma.

Muito a história contará a respeito. Eu fico com as imagens impressas na minha mente e com o sentimento impresso na minha alma. Enfim, um dia que ficará em outra ordem, em outra escala, a qual não pertence o cotidiano, o qual quero rapidamente voltar.


11/09/01 - 16:00h

Friday, September 26, 2008

Meu pai é empresário - I

Pai, você é empresário, não é?
 
É filha, sou sim.
 
E, pai, por que na TV tem muitos candidatos na eleição que falam que são contra os empresários, que empresário é isso, que empresário é aquilo... Você não tem vergonha disso?
 
Filha, deixa eu te explicar. Alguns partidos políticos vêem os empresários como bandidos, verdadeiros vilões... Fico triste quando ouço isso, porque ou eles não compreendem as questões envolvidas ou se aproveitam da desinformação das pessoas....
 
Mas por que isso, pai?
 
Bem, penso que é por que não admitem o lucro. Este é o ponto central deles.
 
O que é o lucro então, é algo ruim?
 
Não filha, absolutamente. Lucro é o dinheiro que sobra, após um negócio para remunerar o empresário. Aliás é melhor eu te dizer antes o que é um empresário. Empresário é aquele que tem uma empresa, um empreendimento. Ou seja, que por iniciativa própria resolveu criar um negócio, empreendeu neste sentido. Dedicou seu tempo e seu dinheiro inicial ou seu conhecimento para montar um negócio. Então quando ele vende alguma coisa, deve pagar o que chamamos de custos para o seu negócio continuar funcionando, e também os impostos. Depois de tudo pago, e mais umas reservas para despesas futuras, o que sobrar é o lucro.
 
Tá pai, e se não sobrar ou ele não vender?
 
Ele está em apuros, minha filha. Pois o aluguel de onde funciona seu negócio tem de ser pago, os funcionários tem de ser pagos, um monte de despesas não podem esperar...
 
Mas e aí pai, como é que faz??? Isso pode acontecer contigo??
 
Infelizamente pode sim. O que se faz é vender coisas que a gente tem para pagar as contas. Vender casa, vender o carro. A pessoa do empresário é responsável por pagar, em último caso.
 
Pai, fiquei com medo. Mas e se tu não fosse empresário, isso não poderia acontecer, não é?
 
É filha, é verdade. Outras coisas ruins poderiam acontecer, como perder meu emprego se eu fosse empregado de uma empresa privada... mas neste caso ao menos eu teria como pegar um dinheiro, do fundo de garantia, da rescisão, mas logo poderia estar em apuros também...
 
Mas você disse antes que mesmo que não venda nada tem de pagar os funcionários....
 
É verdade. Mas se um empresário vê que não vai conseguir pagar os salários tem de demitir alguns funcionários para reduzir as despesas.
 
Mas e este negócio de "empresa privada"? Existe algo diferente?
 
Sim, filha, a empresa pública, que como o nome diz é do povo.
 
Então, pai, somos todos empresários.... recebemos o lucro destas empresas então?
 
Indiretamente sim, filha. Só que estas empresas nos pagam com serviços e outras coisas.
 
E se esta empresa não vende? Quem paga? Nós?
 
Sim, acaba sendo, porque aumentam impostos e o valor - preço dos serviços, e aí é um pouco diferente. Estas empresas nos fornecem serviços essenciais e que só elas fornecem, como água, luz, e podem colocar o preço que quiserem. Além do que são administradas pelo governo, que arrecada impostos e pode colocar dinheiro nestas empresas...
 
Pai, mas vc disse que estas empresas nos pagam com serviços, mas então porque temos de pagar pela luz, água... ?
 
O exemplo que dei não serve pra isso. Serve para outro tipo de serviço, como segurança pública - quem paga o soldado da policia militar, policia civil, para a saúde, para a justiça, para o legislativo...
 
Legislativo?
 
É filha, os políticos.
 
Pai, agora você deu um nó na minha cabeça... a empresa, como é mesmo... privada..., paga imposto pelas suas vendas e seu lucro e este dinheiro serve para pagar os políticos também?
 
É filha, parte sim.
 
Mas então como é que eles podem ser contra os empresários? Se eles dão emprego - vc disse que tem - por - que - tem - que pagar os funcionários - se pagam imposto, então não entendo....
 
Filha, lembra que eu te falei o negócio do lucro... certas pessoas não aceitam isso.
 
Mas pai, vc disse que se não tiver lucro tem de pagar todas as despesas de qualquer jeito... isso está me parecendo muito injusto... quer dizer que vc é totalmente responsável pela sua empresa e se não pagar tem de vender nossas coisas...
 
É minha filha, mas não é injusto, isto é outra coisa e tem um nome: Isto se chama Risco.
 
Sim ...
 
Risco, filha, é aquilo que torna o Lucro uma das coisas mais dignas que a humanidade pode produzir. Uma recompensa. E é assim que deveria ser visto por todos. Sem a busca por lucro, ninguém correria riscos, e graças aos homens que resolveram correr riscos - no passado e no presente - é que a nossa sociedade tem tudo que ela precisa hoje, inclusive um tal de modelo democrático, com um monte de políticos....
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Wednesday, June 04, 2008

Contratos e Tolerância

Contratos "Fechados" = Baixa Tolerância

 

Contratos "Abertos" = Alta Tolerância

 

Estas regras valem em todas as situações. Desde contratos empresariais até matrimoniais. Uma relação onde as duas partes tem alcance fácil a um rompimento, tendem a desenvolver graus de tolerência muito maiores do que partes envolvidas em um contrato que não pode ser rescindido, ou que sua ruptura é muito difícil e dolorosa.

 

Em alguns casos não podemos evitar, mas seria aconselhável que todos os contratos que fizéssemos fossem fáceis de ser rompidos. Nós mesmos faríamos um esforço adicional para mantê-lo. Seriamos melhores para a outra parte.

 

Por quê brigamos mais e mais facilmente com irmãos, filhos, pais, esposos(as), do que, por exemplo, com nossos amigos? Por quê proferimos até mesmo um palavrão para aqueles, enquanto que mesmo chateados com estes, muitas vezes nos calamos.

 

Com os amigos nosso "contrato" é aberto. Com os familiares nossos "contratos" são fechados.

 

Devia ser ao contrário? Devia. Mas por imposição da lógica contratual, as coisas acabam desta maneira.

 

Alguém dirá, que brigamos com os filhos, por exemplo, porque devemos lhes ensinar veêmentemente o certo, que é nossa obrigação, enquanto que com os amigos não é assim.

 

Primeiro: Mas e os pais, os esposos(as), os irmãos? Qual seria a explicação?

 

Com estes devemos ser verdadeiros, poderiam dizer.  Isso implicaria falsidade com os outros. Admitiríamos ser falsos com tanta facilidade?

 

Segundo: Como ensinaríamos algo a um terceiro? Certamente de forma educada. Por quê com os próximos teria de ser ríspida?

 

Há pessoas que são ríspidas com os próximos e com os distantes. Assim como há pessoas que são amáveis com os mesmos. Meras diferenças de comportamento, de exemplo ou mesmo de personalidade.

 

Porém de forma geral onde existe o "risco" de cisão, haverá, no mínimo prudência com as palavras e com os atos.

 

O que acontece com um contrato em desequilíbrio? Um comportamento normalmente desequilibrado. Longe de ser uma obviedade, é um sintoma da regra geral. Uma parte buscando agradar a outra, não recebendo a contra-partida adequada. Chamamos ou denominamos partes "fracas" e partes "fortes".

 

O comportamento dos casais na fase de namoro e na fase do casamento se diferenciam na origem pelo modelo contratual. Primeiro um contrato aberto, tratado com delicadeza por ambas as partes. Depois um contrato fechado, e suas possíveis consequências.

 

O mundo dos negócios manda que sempre busquemos ser a "parte forte" do contrato, para "darmos as cartas". Em realidade é assim mesmo. Não é por nada que existe o velho adágio popular: "Quem pode mais, chora menos."

 

O problema é que no dia-a-dia nossas relações se dão por estas mesmas regras e não nos damos conta disso. Devíamos tratar todos nossos contratos como "abertos", mesmo que não fossem. A este comportamento bem poderia estar associada a verdadeira sabedoria da vida. Isto é "caridade". Isto é "Cuidar". Isto é dar sem esperar receber. Quando se abre mão de uma vantagem contratual – por mera liberalidade - é que verdadeiramente estamos sendo espirituosos. Estamos cultivando a reciprocidade. Daí que se origina a expressão: "Muito Obrigado!". Significando – Obrigado a lhe retribuir.

 

Analisando outros contratos:

 

Diante desta ótica é muito difícil conjugar "Temência a Deus" com "Livre Arbítrio". Que tipo de "contrato" temos nas questões religiosas? Sem dúvida um contrato fechado – que além de ser fechado é de um gritante desequilíbrio. E a parte forte não é o "crente". Tudo soa muito falso quando várias questões são confrontadas com a lógica.

 

Nesta visão – O Livre Arbitrio – que as religiões não souberam interpretar - é a forma que Deus encontrou para nos mostrar que nosso contrato com Ele é "aberto". Expressou ali a Sua verdadeira sabedoria, inteligência e caridade. Abriu mão, de uma só vez, de ser a parte "forte" do contrato. Não por liberalidade, mas por amor.

 

 

As Leis do Universo - A Conspiração - PARTE II

As Leis do Universo – A Conspiração – PARTE II

 

Existe uma neutralidade de forças. Elas estão lá para serem dirigidas. Se não fizemos nenhum movimento consciente, nosso inconsciente o faz. Nós nos acostumamos a determinados sentimentos e situações. A energia que nos acompanha de certa forma se "alimenta" dos sentimentos gerados por essas situações. Assim, atos repetitivos, sentimentos repetitivos não seriam ao acaso, e sim gerados a partir da necessidade de nossas "cargas" de energia. Isso bloquearia novos sentimentos, novas situações desconhecidas, e nos influenciaria e produzir as mesmas energias.

 

Com uma ação consciente, a partir do conhecimento, pode-se anular a ação inconsciente de realimentação de energia (não desejada) e fazer com que criemos um círculo de energia positiva, isso é, energia gerada a partir de um ato positivo (bom).

 

Com pouco esforço poderemos verificar e recordar que TODO o ensinamento que recebemos é de que a vida é sofrimento. Nesse ponto as religiões muito colaboraram. "O que é bom é pecado.", lembra? Pois é muito fácil concluir que nos acostumamos desde muito cedo a vivermos dentro de um círculo de energias não favoráveis.

 

Outro fato é que a vida nos reserva mais decepções do que conquistas, e como todos temos enorme dificuldade em lidar com as decepções e reveses, logo criamos uma forma de lidar com eles. A Psicologia explica que o ato de chorar compulsivamente após uma perda é condição fundamental para a superação do fato, é uma etapa que sem a qual o indivíduo não supera o trauma. O que é a Síndrome de Estocolmo (relativo a relação seqüestrador - seqüestrado) se não o aprendizado do indivíduo diante de uma situação negativa, de lidar com esse desconforto. Veja o alto grau de adaptabilidade do ser humano. E o analfabeto que impõe sérias dificuldades ao aprendizado somente porque está acostumado a sua condição.

 

Isso poderíamos chamar de interação do indivíduo com o meio. A troca de energia similares. Reposição do meio. Situações repetitivas. O meio nos induz a produzir determinada energia constantemente, e isso ocorre via de regra através de situações repetitivas. É muito difícil romper esse ciclo.

 


Então temos:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Esse é o ciclo vicioso do indivíduo com as energias que o cercam. Exige alimentação constante, são influenciados pelo meio e pelas experiências, que são influenciadas pelo meio, que é alimentado pelo indivíduo, que foi doutrinado pela ordem, que é o reflexo dos meios..........

 

Como a maré, ela sobe, ela desce, como o sol que nos ilumina dia a dia, como a lua, são leis, são perenes e imutáveis, são leis além da física contemporânea. São leis além da compreensão da Psicologia, da religião. (Aliás, a Psicologia tangencia essas questões, sem no entanto aprofundá-las, até mesmo porque foge-lhe o escopo).

 

São leis que regem o comportamento do indivíduo, sua "sorte", seu destino. São forças não visíveis, não quantificáveis, mas que nos afligem seus efeitos todos os dias e momentos, são tão evidentes, que podemos compará-las aos atos cotidianos de ler um jornal, e saber que sujaremos os dedos, de ligar um interruptor e "prever" que o ambiente se iluminará. É tão clara, que como amiúde acontece com as obviedades. Não são detectadas.

 

 

Harievillo Serya – Set 2001

 

 

 

 

                              

As Leis do Universo - A Conspiração - PARTE I

As Leis do Universo – A Conspiração – PARTE I

 

Ouvi certa vez uma teoria muito interessante sobre as forças do Universo, suas conseqüências e tendências. Não cabe aqui discutir em que circunstâncias me foi apresentada essa teoria, embora sejam muito interessantes também.

 

Mas a teoria diz mais ou menos o seguinte: "O Universo conspira a nosso favor."

 

Explorando um pouco mais esse conceito compreende-se que as forças existentes no Universo, estão presentes para nos ajudar, para sermos felizes. O que  temos de fazer é termos consciência desse fato e "exigir" destas forças o seu auxílio. Sabermos que temos esse direito. Segundo quem me expôs essa tese, porque não pedimos para vir ao mundo, assim quem nos trouxe que se encarregue de nos proporcionar os meios e a felicidade. Disse ainda que esse é um conhecimento que poucos tem, por isso de tanta infelicidade, disse mais, que a ordem que o homem criou é que perverte essa lei, criando obstáculos a que as pessoas creiam que isso de fato é assim.

 

Bonito, não?!

 

Será que isso explica porque algumas pessoas tem sucesso e muitas, mas muitas, tem fracasso?? Será que isso explica nossas agonias ? Explica como algumas pessoas recebem as coisas "no colo" ??

Mas como essa lei poderia ser verdadeira, se o bem de alguns, pelo menos segundo nossa ordem, significa o mal de muitos, ou a sorte de uns o azar de outros??

 

Talvez porque a lei tem prevalência, é anterior, a ordem criada.

 

Salvo os incapacitados, todos poderiam se beneficiar disso. Ou até mesmo esses.

 

Mas o que me parece é que os indivíduos que "conhecem" a lei, a conhecem em um nível inconsciente, isso é, essa sabedoria já vem com eles. Não sei se pode ser adquirida.

Para obter, aí segundo minha ótica, não pode haver insegurança, não pode haver medo, pois o indivíduo tem a "força" conspirando a seu favor.

 

Eu mesmo já relatei que em uma determinada situação senti os meus passos guiados, como se alguém estivesse me orientando, tinha certeza do que estava fazendo, porque estava fazendo, e não me sentia inseguro. O que não sei é porque de repente essa "energia" cessou. Bem, mas enfim, o fato é que senti isso, (antes de Ter qualquer contato com essa teoria), e sei que era inconsciente.

 

Por outro lado, na ordem em que estamos todos incluídos, o sucesso de uns certamente implica no fracasso de outros. Mas isso é um problema da ordem, não da lei do Universo. Quer dizer que se todos tivessem "conhecimento" da lei a Ordem seria outra.

 

Ao que me cabe, não nasci com o "conhecimento" da lei. Conclusão óbvia diante da enorme dificuldade de dar cada passo, de conquistar cada migalha. Pois segundo quem me explicou essa lei, não deveria ser assim, além das "coisas"  acontecerem, elas ocorreriam sem esforço. Acredita?!

 

É bom demais para ser verdade. Mas têm fundamento. Ah, isso tem.

 

Harievillo Serya - 02/09/01

 

 

Não sou o Leão !!

"À Noite, aqui na selva, quem dorme é o Leão."

 

Diz o refrão que é parte integrante de uma das magníficas músicas do filme O Rei Leão. Na verdade uma trilogia. Filmes maravilhosos.

 

Ela exprime toda a primazia e superioridade do "Rei das Selvas". É um tributo a seu status conquistado em milhares de anos de evolução. À noite só ele pode se dar ao luxo de dormir. Aos outros animais resta a vigilância, a prontidão. Qualquer ruído lhes alerta e faz com que grupos inteiros se desloquem na escuridão da savana.

 

Todos podem ser suas presas. Se não de um leão individualmente – de verdadeiras hordas deles. Caçam em grupo. São espertos, isto lhe garantiu a sobrevivência. Só os mais bravos procriam e anos e anos depois forma-se uma espécie com direito a fama que tem.

 

Leões dormem 20 horas por dia. Caçam quando tem necessidade. Vão à savana observar e seguir grandes grupos de herbívoros. Os Gnus são suas presas mais usuais. Pobres Gnus. Andam em grupos enormes, o que diminui a chance de um individuo em particular de ser abatido. Falsa proteção. Protegem-se na estatística. Grandes matemáticos estes gnus.

 

Os leões muitas vezes se posicionam próximo aos bebedouros. Sabem que os gnus e outros animais vão ter de beber – hora ou outra. Ficam lá. Deitados esperando.

 

Os gnus se aproximam junto com Zebras e Veados. Desconfiados. Sentem o cheiro dos leões e da morte. Unem-se, e mesmo sabendo da iminência de um ataque, como precisam passar por esta provação, arriscam-se.

 

Alguns são abatidos. Exceto os búfalos, em que quando um deles é atacado os outros voltam-se contra o agressor – no caso dos gnus, ninguém volta para socorrer a vítima. Ela fica lá – estrebuchada e sendo devorada.

 

Os Leões – como a natureza e sua evolução os ensinou – atacam os mais fracos. Podem abater qualquer individuo, mas o seu alvo são os mais velhos, os mais jovens e os mais fracos. Por quê? Porque estes lhes opõem menor resistência e a chance de saírem da batalha do abate com algum ferimento é maior. Como na lei da selva não há impunidade – uma pequena lesão pode levar à morte por inanição. Ninguém irá caçar ou buscar água para um eventual leão ferido. Na verdade é visto como um concorrente a menos.

 

Como vemos, os leões também são bons estatísticos.

 

Sentamo-nos ao sofá, sintonizamos um determinado canal de TV e podemos assistir a tudo isso. Nos maravilhamos com o desenrolar da natureza e com as possibilidades humanas. Como pôde o homem superar estas verdadeiras bestas? Estas máquinas de matar? Um bípede, lento e suculento?

 

Não há como não nos orgulharmos enquanto espécie de termos saída do cardápio, tornarmo-nos donos do restaurante e podermos provar qualquer item servido ali.

 

Não comemos leões somente porque a carne bovina é mais saborosa e economicamente é melhor criar boi do que leões.

 

Escolhemos os leões como entretenimento e não como comida. Esta é a sua função no nosso fictício restaurante. Um animador. Não é muito diferente do que acontecia nos bárbaros eventos da antiguidade. Mudaram os atores somente.

 

Nosso regozijo, porém, também é pura ficção. Nós na verdade somos os gnus.

 

Nós não somos os leões.

 

Andamos em bando. Quem se atreveria a atravessar alguma região de nossas cidades a só. Nem de dia, quem dirá à noite?

 

Ao chegar em casa, de carro, ao acionar o portão da garagem, parecemos aqueles gnus assustados a caminho do bebedouro, olhando para todos os lados e a qualquer sinal de perigo deixamos de chegar na nosso própria casa para "dar um tempo".

 

Nos camuflamos – como as zebras e suas listras em que ficando lado a lado, o leão acaba por não definir onde começa uma e termina a outra. Colocamos filmes de proteção nos nossos automóveis, com o motivo principal de confundir o bandido. Ele tem a mesma lógica dos leões quanto ao risco a assumir. Não conseguem discernir sobre a nossa fragilidade ou não. Deixam-nos passar. Bandido estatístico!

 

Nós trabalhamos para o nosso sustento. Como os gnus que passam os dias pastando, criando os filhos e adubando a terra. Os leões, como os bandidos, refrescam-se para quando houver necessidade, atacar.

 

À noite, nos trancamos em nossas casas. Atentos e vigilantes a qualquer sinal estranho, dormimos preocupados. Fazemos de nossas casas fortalezas. Tudo para nos protegermos dos donos da escuridão. Aqueles que podem dormir a noite – se quiserem.

 

A lei humana ainda é mais severa do que a natural. Caso um gnu mate um leão será um ato de defesa heróico. Os búfalos quando reagem a um ataque dos leões muitas vezes os ferem mortalmente – pois avançam 10 ou 12 indivíduos contra uma leoa que os espreita.

 

No mundo humano seria um linchamento.

 

Nós não podemos nos defender. Não podemos usar armas. Onde já se viu um gnu poder se defender de um leão – com seus dentes de 7 cm e suas garras afiadíssimas.

 

Ao matar um leão – perante a nossa lei – este Gnu seria processado. Homicida seria acusado. Sua vida viraria um inferno, mesmo que ao final fosse absolvido.

 

O Estado por definição, não natural, nos tolhe a defesa. Criam-se na raça humana os indivíduos Gnus e os indivíduos Leões.  A Presa e o Predador.

 

E eu, que ao assistir deliciado estes documentários, pensava que era o Leão.

 

 

 

21-10-2007

 

 

Vinicius de Gonzaga

Gostaria de estar em paz...

Gostaria de estar em paz...

Gozar um momento de sossego, com as coisas resolvidas.

De contemplar o entardecer, sem medo, sem preocupação com o amanhã.

De olhar ao redor e não ver o contexto, apenas o observar.

O que eu daria para o tempo não ser o que é? Tempo e circunstância.

Por que a vida é esse amontoado de problemas que temos de resolver?

Todos devem se perguntar, eu creio. Nosso dia a dia não permite questionamentos, apenas seguir em frente. É a nossa missão. Mas quem deu essa missão?

Que odiosa ordem é essa?

Dói a alma ao pensar nisso. Gostaria de romper essa ordem, mas não posso. Estamos aqui para ganhar dinheiro, poder ..... cicatrizes.

Qual o remédio para a alma, talvez pequenas fugas. Ninguém, ou poucos tem coragem de enfrentar essas verdades. A maioria nem as vê. Tão programado é, para seguir em frente. Mas mais corajoso é, aqueles que como eu, sabem, e prosseguem. Coragem, ou covardia, pois seguimos apesar de discordar do caminho? Não sei. Sei apenas que gostaria de não Ter a visão de questionamento. De não enxergar.

Viver é pois sinônimo de perseguir.... e perseguir.... e alcançar. O que mesmo??

Será que é olhar para trás e ver o monte de pedras que tivemos de remover?

Veríamos um caminho tortuoso, montanha acima, e na sua margem um amontoado de pedras na maior parte do percurso. Essa é a nossa realização. Olha, acredito que alguns possam Ter uma visão diferente, mas 99% devem ver isso, 99 dos que olharem para trás, pois a maioria ainda nem olha, nem sabe o que está fazendo... não tem noção.

Gostaria de estar em paz. Não me cobrar a cada hora que estou desperto. Não olhar para os meus filhos e me ver tão devedor para com eles. Será que terei como resgatar essa dívida?? No fim do caminho saberei.

Por enquanto, tenho removido pedras, como as tenho. Grandes, pequenas, de todos os tamanhos e de todos os matizes.

A vida, essa é a vida. Esse ínfimo momento, esse longo caminho, essa ordem.

Gostaria de estar em paz.

O processo da vida é anti-entrópico!!

Na leitura do livro - A Nova Física e o Espírito - do físico gaúcho Moacyr Costa de Araújo Lima, deparei-me com esta afirmação do autor.  Ele defende ou explora o fato da vida, ser por natureza um processo de alta organização. O minimalismo neste caso não existe. Por quê?

 

Se tudo o mais tende ao caos, ao caminho mais fácil, mais simples, por quê a vida segue este sentido contrário?

 

Parece-me que não existe nada maior no mundo do que uma divisão do tipo, vida e não-vida. Tudo pode ser dividido desta forma. Não existem 3 reinos, existem 2: O dos seres vivos, e o reino dos não-vivos/inanimados. Um é regido pela organização, o outro pelo caos. Sua composição em um nível mais baixo é a mesma, mesmas moléculas, porém orientadas, tocadas pela vida – de um lado e por outro, ao sabor do acaso.

 

Um segue um caminho regido pelo minimalismo, o outro seguindo uma linha altamente complexa. Contra a entropia há a vida gerando energia, usando de processos entrópicos para fazer mais vida florescer. Há aí um equilíbrio como se a não vida dependesse da vida e vice-versa.  Reformulando, existe não vida sem vida, mas não existe vida sem não vida.

 

Quem faz esta divisão, quem disse à algumas moléculas para se juntarem, se organizarem e se multiplicarem? Quem criou a primeira bactéria? De onde se criou a primeira bactéria?

 

São perguntas que não podemos responder... São perguntas, cujas respostas estão muito além da nossa capacidade de compreensão. É difícil aceitar nossas limitações, mas parece ser esta a verdade e o destino de um sem número de gerações a nossa frente... Nos resta instigar, propor soluções, estudar todos os mecanismos e pistas existentes...  Parece-me uma situação, semelhante, explicar a uma criança de 3 anos,  o que os nossos melhores físicos e matemáticos sabem hoje,   Como você responde a esta criança, quando ela lhe pergunta o que é a Lua? Pois esta é tipo de resposta que podemos conceber quando nos perguntamos sobre como são os mecanismos que fazem e regem a vida. Não há uma resposta fora do contexto, porém estamos incapacitados de compreender o contexto – então não podemos entender a resposta.

 

O mundo é assim... Vida e não vida...  Podemos mais facilmente compreender os caminhos da vida depois da bactéria original ter se sofisticado um pouco mais, ter se tornado um ser mais complexo e diferenciado.  Aí aplicamos Darwin, Caos, o processo minimalista do mundo natural, a entropia e fica fácil explicar os últimos 3 bilhões de anos.